segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Perdas

Texto escrito por ocasião do curso Arte da Ponte, de Annie Rottenstein, 2013


Por Google Images
Há muito tempo que não travo diante de um texto! Neste momento, são 21:36 do dia 05 de abril de 2013, véspera do segundo módulo do nosso curso. Momento em que, num outro contexto, eu estaria me preparando para dormir para viajar cedinho no dia seguinte! Mas, tenho que admitir o quão difícil estava entrar em contato com Perdas.
Mergulhando em mim, comecei a me deparar com memórias muito antigas e deixei as imagens dançarem na minha mente à vontade. Geralmente não tenho memórias da infância, e até me acostumei com isso. Mas, hoje, cenas muito interessantes vieram à tona.
05 anos, primeiro dia de escola, superanimada para brincar. Professora, tia Elza (lembrei até o nome) no meio da aula, humilha um coleguinha de óculos que fez xixi na roupa na frente de todos nós. Perda: segurança, alegria e espontaneidade.
09 anos, abuso sexual, por alguém em quem eu confiava. Perda: amor próprio, inocência, segurança, espontaneidade, sexualidade saudável, confiança e alegria. Nessa época ainda não incluía meus pais na responsabilidade do acontecido. Certamente isso me fez vigiar incansavelmente meus filhos. Salvei o dito cujo de uma possível prisão, salvei os pais de uma culpa e guardei isso comigo até os 15 anos, quando conheci meu marido. Precisei rapidamente contar a ele, porque tinha uma fantasia de que eu não merecia ninguém porque estava “manchada”!
13 anos, fim do primeiro namorico de escola. Ele me trocou por outra, e as meninas ficaram cochichando por muitos dias durante o recreio: “Foi por causa do cabelo de abelha dela, hahah!”. Perda: confiança, amor próprio, espontaneidade, segurança e alegria.
19 anos, 23 dias depois do meu casamento, acidente de carro onde estávamos eu, meu marido e os pais dele. Morrem meus sogros. Perda: Chão, segurança, alegria de recém-casada, confiança na vida.
35 anos, faliu a empresa do meu marido, que nos sustentava. Perda: Chão, vontade de viver, acreditei que estava marcada para sofrer! Detalhe: meu pai quebrou também, portanto perdi o apoio, já com dois filhos para criar.
Hoje, 42 anos, ainda pagando dívidas, sem casa própria, prestação de carro, ajudando meus pais. Perdas: perdi o medo, a superficialidade, a covardia, o exercício da vitimização, o orgulho, o egoísmo, a preguiça, a birra com a vida, a desconfiança da vida e de Deus, o vício da negatividade e do julgamento do outro, as falsas ilusões, a ingratidão, a rigidez, abracei minha profissão, expandi minha fé, cortei jogos de poder e relacionamentos neuróticos e psicóticos, encontrei um Guru Espiritual, Yogananda e estou EXTREMAMENTE FELIZ!!

Nada como um dia após o outro e a sinceridade da busca pela transcendência! Posso afirmar que experimentei o fundo do poço, até pensei em suicídio, mas fui capaz de me reerguer, ressignificando o significado das perdas. Aprendi que de real só existem as escolhas que faço, consciente e inconscientemente o tempo todo. E que crio e experimento a realidade ao mesmo tempo, pois essa é a minha tarefa para que Deus continue expandindo e evoluindo a sua Consciência Suprema.  

Compartilhando salto quântico com vocês, ao som de Deliver Me (Livra-me), de Sarah Brightman:




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